sexta-feira, 25 de abril de 2014

Sociedade mascarada




Vivemos hoje em um ambiente amplamente globalizado, cheio de cultura e informação, mas que ainda convive com diversos problemas que por vezes são ignorados pela sociedade. Engana-se quem diz que a escravidão hoje já não existe. Ela, infelizmente, ainda bate à nossa porta, mas agora o lobo aparece com a máscara da vovó. É fato que algumas mudanças ocorreram desde que a Lei Áurea foi assinada em 1888 e não há como negar que este que foi, sem dúvida, um passo fundamental para que o Estado brasileiro reconhecesse como ilegal o direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, mas é importante lembrar que o problema da escravidão ainda persiste, embora se apresente de forma diferente da ocorrida até o século XIX.

A nossa amada e idolatrada pátria foi o último país a fazer a abolição da escravatura e se por um lado ocorreram mudanças significativas na lei, por outro, a mentalidade de boa parte da população não parece ter dado avanços tão significativos, uma vez que depois de tanta demora a população ainda não se adaptou por inteiro a todas as mudanças ocorridas. É comum vermos nos jornais, por exemplo, grupos de pessoas que foram libertadas de cativeiros onde viviam presas tendo que trabalhar exaustiva e freneticamente. Prova disso são os mais de 36 mil trabalhadores resgatados em situação idêntica à de escravos desde 1995, segundo dados do Ministério do Trabalho. Isso mesmo, esse é o nosso novo sistema escravista: as pessoas são usadas e abusadas, com quase nenhuma remuneração, direitos e como se fossem animais irracionais, vivem apenas de seguir orientações alheias, sem voz nem defesa.

Devemos acordar e lembrar que as verdadeiras mudanças só virão, por exemplo, através de uma verdadeira e promissora educação, reforma agrária e uma melhor distribuição de verbas, pois através desses meios a nossa sociedade estará mais estruturada e pronta para enfrentar situações semelhantes. Acredito no que disse Henry Peter: “A educação faz com que as pessoas sejam [...] impossíveis de escravizar”. Com um maior investimento educacional a visão da população abrir-se-á e todos entenderão que não temos o direito de tomar posse sobre ninguém e que todos nós fomos feitos igualitariamente livres.

Portanto, vamos à luta na tentativa de viver em paz com todos. Batalhemos por um futuro melhor, mais justo, igualitário e lembremo-nos sempre de que as correntes da escravidão só prendem as mãos, porém é a mente que faz livre o escravo.


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