domingo, 19 de agosto de 2012

Águas passadas


O rio Manguaba que nasce na Serra da Teixeira e vai seguindo seu caminho até desaguar no Atlântico em Porto de Pedras, já foi muito navegado e serviu para o fluxo de mercadorias e para o comércio entre portugueses e holandeses, com passagens de ilustríssimos personagens como Dom Pedro II e Dona Leopoldina, mas isso já são águas passadas, pois ele que já matou tantas vezes a fome de parte da população de Jundiá e que foi tão importante para o crescimento da nossa cidade, hoje, se encontra poluído. E isso, traz diversas consequências para nós mesmos que usufruímos desse bem tão precioso, tanto na área comercial quanto na de lazer e embora diversas pessoas não queiram acordar para essa situação ela está aí, batendo à nossa porta, por isso escrevo esse artigo: porque vejo que a situação do nosso querido rio Manguaba não é lá das melhores.
Muitas pessoas tinham o nosso rio como meio de sobrevivência e tiravam dele o seu sustento, coisa que hoje é absolutamente impossível. Moradores antigos contam que era enorme a quantidade de peixes, crustáceos como o camarão e a lagosta e até de tartarugas, isso mesmo, não pense que você leu errado. Tartarugas! É de causar espanto, não? Elas existiam sim no rio Manguaba e em grande quantidade! Mas infelizmente a ação humana colocou tudo isso a perder.
As pessoas começaram a poluir essas águas e com isso foram matando todo tipo de vida animal existente no rio Manguaba e junto com a poluição vieram também doenças para assolar ainda mais a vida dos moradores. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Jundiá desde o ano de 2003 até abril de 2012 foram registrados 9102 casos com suspeita de esquistossomose com 892 casos confirmados, sem citar ainda, as outras doenças acarretadas pela poluição das águas. Será que isso já não é o bastante?
 Já é de conhecimento de muitas pessoas que quanto mais se contamina a água dos rios, e quanto mais se pratica outras formas de poluição, caminha-se para a exaustão da vida. Como disse Cecília Bueno: “Se os cidadãos, individualmente, forem confrontados com a necessidade da manutenção da biodiversidade para a manutenção da qualidade de vida de seus descendentes, sem pensar exclusivamente em seus benefícios pessoais imediatos, os benefícios de longo prazo começarão a ser visualizadas, percebidos enfim, pelos humanos, e a conservação deixará de ser uma luta real de uma minoria e retórica da maioria para ser integrada às atividades sociais de todos como um fato normal e necessário à vida”.
Mas já é sabido que muitas pessoas (inclusive dos poderes públicos) não atentam para essa situação e agem de maneira desordeira sem ajudarem no processo contra a poluição do rio nem, ao menos, se utilizando de métodos para acabarem com a poluição já existente. Como disse, certa vez, Leonardo Boff: “Parca é a consciência coletiva que pesa sobre o nosso belo planeta. Os que poderiam conscientizar a humanidade desfrutam gaiamente a viagem em seu Titanic de ilusões. Mal sabem que podemos ir ao encontro de um iceberg ecológico que nos fará afundar celeremente”.
Dessa forma, as nossas águas vão diminuindo e os problemas aumentando gradativamente. E eu, particularmente, sem me calar em nenhum momento, só peço a Deus que não me deixe morrer sem ver a mudança dessa situação e a mente cauterizada desse povo mudada, que eu possa ver o rio Manguaba limpo outra vez, a natureza restaurada, para que pelo menos um dia, ao menos um dia, eu possa desfrutar dos primores que essa minha terra, como um todo, ainda pode me oferecer. 

                                                                                       (Alexandre Soares)

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